O adolescente e o consumo de álcool e drogas
- ReCare
- 16 de set. de 2020
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Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1981), uma droga é qualquer substância que, não sendo produzida pelo organismo, atua sobre ele e produz alterações no seu funcionamento.
A problemática da adição de substâncias é um fenómeno bastante antigo, com uma forte influência na vida dos jovens. A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nesta etapa, o jovem não aceita facilmente orientações, tentando ser irreverente, obter poder, controlo e sentir-se “respeitado” pelos outros. É um momento de diferenciação, em que se afasta da família e se aproxima do grupo de pares.
Quando o grupo de pares apresenta um reportório comportamental desviante, marcado por delinquência e consumo de drogas, o jovem tende a sentir-se pressionado a apresentar os mesmos comportamentos, para se sentir pertença, admirado e gostado.
As drogas são a fuga "perfeita" às suas vulnerabilidades e o escape para problemas emocionais e familiares. A adição ocorre quando o jovem se sente frequentemente motivado para ingerir uma substância, mesmo sabendo as consequências.
As drogas atuam sobre o Sistema Nervoso Central, responsável pela coordenação de todas as funções do corpo, afetando o organismo de forma agressiva e provocando danos irreversíveis. As drogas podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a atividade que exercem junto ao cérebro: depressoras, estimulantes e as alucinogénicas/perturbadoras.
As drogas depressoras, como o álcool, diminuem a atividade do SNC, e promovem no individuo o “desligamento”, o desinteresse, a lentificação e a inatividade.
As drogas estimulantes, como a cocaína e as anfetaminas, são responsáveis por aumentar a atividade do cérebro, tornado a pessoa muito ativa, enérgica e extrovertida.
Por último, as perturbadoras ou alucinogénias, como o ecstasy, modificam qualitativamente a atividade do cérebro e o SNC passa a funcionar fora do seu normal.
Atualmente, a população adolescente representa o grupo com maior percentagem de consumo de substâncias ilícitas. Os canabinoides ocupam o primeiro lugar.
Vários estudos indicam que existe uma progressão no uso de drogas, ou seja, uma escalada no comportamento aditivo, uma vez que o uso de uma droga está associado um maior risco de consumir outras drogas ao longo da vida.
Entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, os mais importantes são:
Baixa autoestima.
Dificuldade em lidar com emoções negativas.
Intenso sofrimento psíquico, como depressão e/ou sentimentos de culpa.
Ansiedade exagerada e conflitos interpessoais.
Os jovens, aquando da experiência de consumo, ficam fascinados com os efeitos produzidos: desde a alienação da sua realidade, à anestesia emocional e ao adormecimento, passando pela adrenalina e a excitação.
Os sintomas psicológicos mais frequentes incluem ansiedade elevada, dificuldade na gestão emocional da tristeza, raiva e medo; insegurança e problemas de sono.
O consumo de substâncias está ligado ao comportamento delinquente sendo promotor e consequência do mesmo.
É essencial estar atento ao percurso de cada jovem e à evolução da sua relação com as drogas, alertando para os seus danos irreversíveis e solicitando ajuda profissional, atempadamente.
Margarida Ferraz
Psicóloga Clínica e da Saúde, com especialização em Adições Químicas e comportamentais, na ReCare.
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